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4333826102 ac75533125 zAmérica Latina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A crise política na Argentina deve ser avaliada no contexto da crise política regional e mundial. O aprofundamento da crise capitalista mundial está levando à implosão dos regimes políticos de conjunto, principalmente após os preços das matérias-primas terem despencado.


Macri, quando era prefeito de Buenos Aires, com o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, preso em fevereiro por planejar um golpe de Estado na Venezuela. Foto: Mauricio Macri by Flickr (CC BY-ND 2.0)

Ainda há a ameaça do aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, que ainda poderá começar em dezembro, de acordo com as declarações da Reserva Federal norte-americana, e que deverá aumentar a fuga de capitais. Os fundos abutres na Argentina, os crescentes déficits públicos na Venezuela e a perda do “grau de investimento” no Brasil geraram uma situação tão explosiva que esses países poderão ser empurrados a declarar a moratória nos pagamentos dos serviços das respectivas dívidas públicas, nos moldes do que aconteceu na década de 1980. Por esse motivo, a burguesia de conjunto avalia a necessidade de escalar os ataques contra as massas, embora com diferente intensidade.

De acordo com as pequisas, que, em grande medida, são controladas pela direita, o chavismo deverá perder as eleições do dia 6 de dezembro por até 30% de diferença. Apesar dos possíveis e prováveis exageros, é evidente que há um sensível aumento da pressão sobre o chavismo. A direita venezuelana pede o controle da União Europeia contra os mecanismos eleitorais do governo, enquanto este recusa e só aceita a fiscalização da Unasul. A direita não reconhece esses mecanismos com o objetivo de aumentar a pressão contra o governo chavista.

O presidente Maduro declarou, recentemente, que está em marcha um golpe contrarrevolucionário a partir de 6 de dezembro. Essa é uma possibilidade que deverá ser acompanhada. Mas, o mais provável, é que Maduro, também pressionado por um setor do próprio chavismo, avance na direção de um acordo com a direita, da mesma maneira que o kirchnerismo está fazendo com Macri ou o governo do PT com a direita brasileira. Maduro tem buscado um diálogo com Henrique Capriles, o líder da MUD, enquanto a Administração Obama pressiona por um governo de coalizão que inclua a MUD.

Na Venezuela, 40% do orçamento público é destinado aos programas sociais, as Misiones. Esses recursos vêm da receita do petróleo, cujo preço despencou no mercado mundial. E esses recursos são o centro da disputa, assim como o controle das maiores reservas de petróleo em escala mundial. Situações similares, embora com programas sociais muito menores, devido ao grau diferente de desenvolvimento da luta de classes, existe em toda a América do Sul.

O papel do presidente argentino eleito, o direitista Maurício Macri, é pressionar contra o Mercosul para avançar no sentido da incorporação da Argentina na Aliança Trans Pacífico e até na Otan, como aconteceu com a Colômbia. A Unasul, que inviabilizou os golpes de Estado contra Evo Morales e Rafael Correa, deverá ser enfraquecida, assim como os demais organismos que, em alguma medida, se opõem ao controle imperialista sobre a região.

O governo Maduro deve ser apoiado contra um golpe contrarrevolucionário por meio da mobilização popular. Mas o voto nas próximas eleições deve ser em branco. Além de se tratar de um governo burguês, a linha política de Maduro é a do pacto com a direita, da mesma maneira que acontece com os demais governos nacionalistas que, conforme a crise tem se aprofundado, têm aumentado a capitulação ao imperialismo.

Contra a direita e a capitulação da esquerda

Considerar que o kirchnerismo e o macrismo são a mesma coisa, como o faz uma boa parte da esquerda, a começar pela FIT (a frente de esquerda argentina), não é uma política orientada a ganhar a base popular do kirchenismo, mas, no sentido contrário, a entregá-la à direita. Na realidade, o segundo turno já mostra que há duas alas políticas que representam duas políticas em disputa. A burguesia rachou. Mas a linha do kirchnerismo é ir ao pacto com Macri, da mesma maneira que acontece no Brasil e na Venezuela.

Por outra parte, o segundo turno enfraqueceu ambas as alas da burguesia e dificultou a hegemonia no aparato de Estado burguês já que nenhuma das duas alas terá hegemonia, maioria própria. A pressão é para que seja estabelecido um governo de pacto social, de unidade social, que com a cumplicidade da burocracia sindical tente impor o ajuste contra a população.

Para lutar contra a direita é precisa lutar contra o kirchnerismo na Argentina e a capitulação do governo do PT ou do chavismo na Venezuela, que buscam um acordo com a direita para escalar os ataques contra as massas.

O aprofundamento da crise deverá pressionar o racha da base popular, pela esquerda, do kirchnerismo.

É preciso denunciar Macri e a direita macrista latino-americana que está a serviço do imperialismo. É preciso denunciar os acordos e as capitulações dos governos nacionalistas com essa direita neoliberal. É preciso dizer que a única maneira de combater a escalada dos ataques é por meio da mobilização das massas, nas ruas.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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