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tweetArgentina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Uma das políticas que Macri deverá aplicar no terreno internacional passa pela tentativa de desmontar os blocos que, em alguma medida, se opõem aos interesses do imperialismo.


Macri declarou que, na reunião de cúpula do Mercosul, que acontecerá no dia 21 de dezembro, pressionará para que seja aplicada a “cláusula democrática” contra o governo venezuelano “pelos abusos na perseguição aos opositores e à liberdade de expressão”. Macri se refere ao conhecido elemento da extrema-direita venezuelana Leopoldo López, que se encontra preso devido à participação em tentativas de promover um golpe de Estado no país. O governo de Nicolás Maduro não seria compatível “com o compromisso democrático que assumimos os argentinos”.

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O verdadeiro objetivo de Macri será desmontar o Mercosul para promover acordos comerciais diretos com a Europa e os Estados Unidos. O primeiro passo será acelerar esses acordos por meio do bloco. O governo Kirchner tinha sido o principal acordo para avançar nesse sentido devido à ameaça de desmantelar, ainda mais, a produção local.

Cristina Kichner foi colocada contra as cordas por causa do aprofundamento da crise capitalista e a incapacidade de romper com o aperto da espoliação imposta pelo imperialismo norte-americano, principalmente.

Com Macri a política do governo argentino tenderá a um alinhamento maior com as políticas neoliberais que os monopólios buscam impor, principalmente em relação ao ajuste e contra o “bolivarianismo”, a China, a Rússia e o Brasil.

A crise capitalista e a política do "salve-se quem puder"

A Argentina foi um dos países que saiu à frente no processo de aprofundamento da crise capitalista mundial, impactada pela crise no Brasil e a queda dos preços das matérias-primas no mercado mundial por causa da crise na China. A queda do comércio com o Brasil no ano passado foi de mais de 25%, à que deverá se somar um percentual ainda maior neste ano. Esse é o motivo do desespero da burguesia argentina que busca desesperadamente outros mercados. Por causa do sucateamento da produção manufatureira, o foco dos “novos parceiros” será, inevitavelmente, o aumento do modelo de produção de matérias-primas e da importação de produtos manufaturados. No médio prazo, essa política deverá levar ao aumento do desemprego, por causa do fechamento das indústrias, e à inflação por causa da crescente dependência das importações.

A pressão da especulação financeira foi muito além dos “fundos abutres”. Há uma grande fuga de capitais, um alto déficit público, o crescente aumento do endividamento público e privado, a queda das exportações e a forte queda das reservas soberanas, que hoje somam apenas US$ 26 bilhões.

Os fundos abutres colocaram uma pressão sobre o governo argentino de US$ 9 bilhões. A inflação semioficial na Argentina se encontra em aproximadamente 30% ao ano. Só uma desvalorização do peso dos atuais 9,50 por dólar para 14 elevaria a inflação para 40%.

Macri aumentou a tarifa do Metrô de Buenos Aires a partir de 2012, de 1,10 pesos para 4,50 hoje. Calcula-se que hoje deixem o país em torno de US$ 700 milhões por mês.

O governo Macri buscará relaxar as restrições contra as importações e a liberalização do câmbio, o que provocará uma mega desvalorização. Essa política, junto com o fim dos subsídios sobre os serviços públicos, como o transporte público, a energia elétrica, o gás e a água encanada, e a redução dos programas sociais, levará, inicialmente, a um enorme repasse da crise sobre os trabalhadores. A seguir as políticas recessivas deverão provocar o sensível aumento da pauperização dos trabalhadores argentinos, fazendo relembrar a situação que levou ao Argentinazo em 2001.

Até 2017 o Congresso estará dividido. A coalizão direitista terá 201 vagas, 109 do Frente Por La Victoria e 92 de Cambiemos, o que obrigará a ampliar a aliança com setores da direita do peronismo e da centro-esquerda, tal como o tem feito na cidade de Buenos Aires e nas Províncias. Em 2017, no ano seguinte às eleições nos Estados Unidos, acontecerão as eleições legislativas na Argentina, onde a pressão do imperialismo deverá aumentar muito mais. Estarão em jogo 257 vagas na Câmara dos Deputados.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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