Essa suposta mediação não estava prevista no calendário de atividades prévias à realização, nesta capital, da 44 Assembleia Ordinária da organização regional, mas a demanda bem fundamentada dos habitantes originários rompeu com o planejado.
Originalmente, se tratava de uma reunião amplamente divulgada do chileno Insulza com os indígenas, descrita como um gesto supostamente demostrativo do interesse da OEA e especialmente de seu máximo responsável, em apoio às reivindicações mencionadas.
A agenda da Assembleia, que começará essa noite com um ato do qual participará o presidente Cartes, teve cuidado especial em colocar à margem das sessões plenárias temas espinhosos como o desrespeito aos indígenas e petições a governos por desconhecer os direitos humanos.
Há que partir, como base, de três sentenças da Corte Inter-americana de Direitos Humanos por injustiças cometidas contra os povos indígenas que não foram cumpridas pelo país, como bem apontou Enrique Gauto, secretário geral da Comissão Nacional de Direitos Humanos.
O problema reveste ainda maior atualidade devido ao fato de que o tema central da reunião da OEA é Desenvolvimento com inclusão social, proposto pelo Paraguai e abalado devido à rejeição do próprio país a apoiar uma proposta brasileira contra todo tipo de intolerância ou discriminação.
Esta negativa gerou inclusive um grande escândalo com posições adotadas por vários senadores oficialistas que tiveram expressões homofóbicas na Câmara Alta contra preferências de tipo sexual na sociedade.
No encontro com delegações indígenas, o representante da ONG paraguaia Tierraviva, Ireneo Tellez, lembrou que as sentenças que não forem acatadas pelo Estado se referem à expulsão de três comunidades de suas terras ancestrais no meio do território do Chaco.