Tal postura foi exposta por Jesús Santrich, da delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP), que há 14 meses realiza diálogos de paz em Havana com o governo do presidente Juan Manuel Santos, para pôr fim ao conflito de mais de 50 anos.
No contexto da discussão do quarto ponto da agenda para a paz que versa sobre a solução ao problema das drogas ilícitas, a insurgência apresentou seis propostas mínimas sobre "Política antidrogas, centrada no desmonte das estruturas narco-paramilitares, criminosas e mafiosas entranhadas no Estado". A guerrilha expôs a necessidade de constituir uma comissão especializada, com participação de representantes do governo, as FARC-EP, a academia, partidos políticos e movimentos sociais, as Forças Militares e Policiais, afim de diagnosticar e estudar fórmulas para o desmonte da indústria do narcotráfico.
A referida comissão, antes de seis meses, entregaria um "Relatório sobre o influxo do narco-paramilitarismo no Estado e na sociedade colombiana".
Igualmente, a insurgência considerou que deve ser feita uma limpeza profunda no Estado e em seus setores executivo, legislativo e judicial, e o desmonte real e efetivo do poder narco-paramilitar.
Tudo isso com o objetivo de que se permita a recuperação da legitimidade do Estado de maneira que este exerça pleno controle das políticas públicas, bem como sobre a política criminosa e a administração da justiça.
Nesse sentido, as FARC-EP enfatizaram a necessidade de depurar os órgãos de controle do Estado, em especial da Procuradoria Geral da Nação, o Conselho Nacional Eleitoral, Notariado e Registro e a Registradoria Nacional.
Também, manifestaram que o Ministério Público deve exercer uma ação efetiva sobre servidores públicos, de todos os níveis, comprometidos com o fenômeno narco-paramilitar.
Além disso, expressou-se a exigência da depuração das forças militares, da polícia e dos serviços de inteligência; em atenção - destacou a guerrilha - aos comprovados nexos estruturais que têm com o narco-paramilitarismo.
As FARC-EP advertiram que o narcotráfico tem estendido suas redes criminosas ao conjunto da institucionalidade, ao financiamento de partidos políticos e campanhas eleitorais, o que lhe permite incidir no poder legislativo e ascender a posições do governo.
Por isso, a guerrilha reivindicou a implementação de medidas e ações especiais para combater "a corrupção originada no capital do narcotráfico, incluindo o rastreamento desse capital em todo o circuito econômico".