O número de vítimas da velha coalização de paramilitares é de dar escalafrios: 173.183. Os dados pertencem à Unidade Nacional de Fiscalizações para a Justiça e a Paz, uma jurisdição especial da Fiscalização Geral instituída na Lei de Justiça e Paz, norma adotada em 2005 como marco para a reinserção social dos ex-membros desmobilizados da AUC.
Além dos homicídios, os paramilitares desapareceram com 34.467 pessoas, extorquiram 3.532, sequestraram 3.527 e exerceram violência contra 677 mulheres. Preocupam ainda mais as cifras referidas aos ex-paramilitares que aceitaram abandonar as armas: o Ministério Público tem constância de que se cometeram 1.597 assassinatos.
A informação da Fiscalização também desnudou a conivência que existia entre a AUC e a política. As confissões de seus ex-membros permitiram reconhecer os vínculos da organização com 429 políticos. Teve contato, além disso, com 381 membros das forças de segurança e 155 funcionários civis.
As testemunhas dos desmobilizados permitiram encontrar e exumar 3.036 fossas comuns. Nelas, encontram-se 3.678 cadáveres, dos quais 1.323 foram identificados. Dessa quantidade, 1.207 já foram entregues às famílias.
As AUC, concebidas em 1997 como uma aliança de grupos armados de ultradireita, dissolveram-se em 2006, quando um processo de desmobilização impulsionado pelo ex-presidente Álvaro Uribe conduziu ao desarmamento de mais de 31 mil de seus integrantes.