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121205 laperlaArgentina - Ópera Mundi - Local foi epicentro de prisão, tortura e extermínio de presos políticos entre 1975 (um ano antes do golpe de Estado) e 1978


A justiça federal argentina iniciou nesta terça-feira (04/12) o julgamento dos crimes cometidos no maior centro clandestino de prisão da província de Córdoba e o segundo maior do país durante a ditadura (1976-1983). Trata-se de La Perla, denominada pelo responsável pela acusação, o promotor Carlos Gonella, como a “Auschwitz cordobesa”, por ter funcionado como epicentro de prisão, tortura e extermínio de presos políticos entre 1975 (um ano antes do golpe de Estado) e 1978.

Hijos Capital

Para Gonella, o julgamento “é uma mostra importante do que a repressão foi na província, da que surgirá a dimensão de um genocídio, pensando que foram 500 vítimas”, afirmou à imprensa local.

O julgamento, que deve ter um ano e meio de duração, agrupa casos de 417 vítimas de sequestros, torturas ou assassinatos. Quase mil testemunhas devem ser escutadas. Muitas das vítimas também passaram por outras prisões clandestinas da província, como La Ribera ou o Departamento de Informações da polícia da província, chamado de “D2”. O Opera Mundi esteve nestes lugares, hoje recuperados e abertos à visitação do público.

Ao todo, 45 acusados sentarão no banco dos réus.  O acusado mais famoso do julgamento é o ex-comandante do Terceiro Corpo do Exército, Luciano Benjamín Menéndez, que aos 85 anos acumula seis sentenças perpétuas pelos crimes cometidos durante a ditadura. Outros acusados são os ex-comandantes de “La Perla” e membros da Inteligência militar na época, Ernesto Barreiro, Jorge Acosta e Luis Diedrichs.


Suicídio

O número inicial de processados era 46, mas no último domingo (02/12), o major retirado de Artilharia, Aldo Carlos Checchi, se suicidou em um hospital da província de Buenos Aires, antes de ser transferido para Córdoba. O militar, de 67 anos, se matou com um tiro e teria deixado uma carta na qual revela que não suportaria enfrentar o julgamento. A existência da carta, no entanto, não foi confirmada oficialmente.

Organizações de Direitos Humanos manifestaram indignação pelo suicídio de Checchi, que, entre 1976 e 1979, atuou no departamento de Inteligência que funcionava na prisão clandestina La Perla. Em comunicado, organizações como Avós da Praça de Maio, Associação de Ex-Presos Políticos de Córdoba e H.I.J.O.S (Filhos pela Identidade e Justiça, contra o esquecimento e o silêncio, na sigla em português), afirmaram ser “inconcebível” que acusados estejam em condições de "continuar atentando contra a vida, seja a própria ou a dos demais".

“Perguntamos como é possível que um preso da periculosidade de Checchi, que se encontrava processado por 103 crimes contra a humanidade, tivesse acesso a meios que lhe permitissem não só atentar contra sua vida, mas também impedir o normal desenvolvimento de um julgamento por crimes cometidos há mais de 36 anos”, questionam, no comunicado.

Para as organizações, o major retirado “morreu impune, sem poder ser condenado, conservando assim seu grau militar e sua pensão com honras, como se nada tivesse acontecido durante os anos em que atuou como membro da ‘Patota’ de La Perla”, afirmam, ressaltando o pedido histórico das organizações de que os repressores aguardem os julgamentos em prisões comuns.


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