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230515 bazukaMéxico - Prensa Latina - Veículos blindados, reféns militares, sobrevoos de helicópteros, estabelecimento de centenas de soldados; a imagem ocorre no estado mexicano de Jalisco, sua capital Guadalajara e outras zonas: é o combate ao crime organizado.


Para mais de um observador trata-se de uma postal de guerra, uma espécie de conflito de baixa intensidade, mas que se une a outros operativos implementados durante a administração do presidente Enrique Peña Nieto, que fez da segurança uma de suas promessas de campanha.

São mais de dois anos de fortes confrontos, nos quais participam a Secretaria da Defesa Nacional, a Polícia Federal, a Gendarmaria, a Armada, a Procuradoria Geral da República e outras dependências federais e estatais.

A guerra não vem de agora, teve sua maior intensidade no sexênio do presidente Felipe Calderón, do agora opositor Partido da Ação Nacional, com milhares de vítimas, desaparecidos e inclusive o aparecimento de grupos de autodefesa.

O inimigo não está à vista, são fundamentalmente os grandes cartéis criminosos que operam no país, entre eles Jalisco Nueva Generación, conceituado autor da derrubada de um helicóptero Cougarde da Força Aérea, com saldo de oito militares e um policial federal falecidos, e uma dezena de feridos.

A aeronave participava em operações de patrulha como parte da operação Jalisco no dia primeiro de maio, quando avistou um comboio de camionetes com homens armados. Diversas fontes afirmam que foi um foguete RPG o que derrubou o helicóptero, o que indica o poder de fogo dos delinquentes.

Nesse mesmo dia, com o emprego de adictos à droga, indigentes e mercenários armados, tiveram lugar em Jalisco e outros estados limítrofes ocorrências de violência que incluíram bloqueios de estradas com veículos incendiados e ataques a estabelecimentos comerciais, bancos e escritórios.

Durante uma cerimônia em homenagem aos caídos na queda da aeronave, o general Salvador Cienfuegos, secretário da Defesa Nacional, pediu unidade ao país para combater o crime organizado. "Não permitamos que se misturem entre nós", sublinhou no meio de acusações pela infiltração destes grupos em estamentos do poder político e público.

Sustentou que a nação vive e se vê acossada por circunstâncias apátridas e quem lucram com o temor, por desadaptados sem escrúpulos e que lastimam os mexicanos.

Cienfuegos convidou à população que denunciasse os delinquentes e os que os apoiam, para desterrá-los, e com eles, a ilegalidade, a irresponsabilidade, a corrupção e a impunidade que os abrigam.

Ademais, convocou a cobrir de nova conta de glória à nação, vencendo a ignorância com educação, abatendo a corrupção com a transparência e rendição de contas, e derrotando a impunidade com um sistema jurídico mais robusto.

Alguém poderia pensar que suas opiniões pudessem ultrapassar as barreiras entre o civil e o militar, mas a verdade é que as forças armadas mexicanas não estão nos quartéis e tiveram que ocupar espaços reservados inclusive constitucionalmente para os corpos policiais, tanto estatais como municipais, em mais de uma ocasião controlados pelos criminosos, como ocorreu em Iguala, estado de Guerrero.

Não por acaso, o alto oficial, e secretário do gabinete, estimou em 95 a cifra de militares caídos no confronto contra a delinquência organizada: Los Zetas, Los Caballeros Templarios, Guerreros Unidos, o cartel de Sinaloa, do Golfo, entre outros, durante a atual administração.

Nesta guerra, com um inimigo que se alimenta do narcotráfico, dos sequestros, das extorsões e do tráfico de armas para o maior mercado do mundo de estupefacientes e armamentos, os Estados Unidos, mais de uma vez as batalhas são desiguais.

Mas também ao calor deste clima, as forças armadas foram acusadas de ser partícipes de violações aos direitos humanos.

Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), militares executaram 15 dos 22 mortos encontrados no solo de uma adega em Tlatlaya, estado do México, a 30 de junho de 2014. Desde esse dia, os governos estatal e federal manejaram a versão de que os 22 "supostos criminosos" faleceram durante um confronto com elementos do Exército.

Ainda que tenha se comprovado que a cena do crime foi alterada "com a intenção, muito provavelmente, de simular que as mortes tinham ocorrido em um contexto de confronto", não foi possível estabelecer "precisamente os que presenciaram, ordenaram e toleraram as violações aos direitos humanos que foram cometidas", segundo a CNDH.

Por outro lado, familiares dos normalistas assassinados e desaparecidos na madrugada do 26 de setembro em Iguala, Guerrero, acusaram as forças armadas de conexão com o crime.

Inclusive houve um confronto em frente ao quartel do 27 batalhão de infantaria com sede em Iguala, e ao que os familiares dos estudantes de Ayotzinapa tentaram ingressar pela força em busca de seus filhos desaparecidos.

No meio de críticas às forças armadas, e do combate aos cartéis, o general Cienfuegos advertiu que há setores "que querem se distanciar do povo".

Por sua vez, o general de divisão aposentado Luis Garfias tem outra visão sobre o envolvimento dos uniformizados no combate ao narcotráfico.

A decisão do governo federal de encomendar aos generais Miguel Gustavo González Cruz e Felipe Gurrola Ramírez os operativos contra o crime organizado nos estados de Jalisco e Michoacán, respectivamente, representa uma ação "desesperada que não conta com o marco legal adequado para que se obtenham os resultados esperados", considerou Garfias.

É verdade que em pouco mais de dois anos foram detidos ou abatidos no México muitos dos principais chefes dos mais perigosos cartéis criminosos. O custo foi alto, e segundo alguns analistas, a queda dos cabeças principais não assegura a desarticulação desses grupos.

Por sua vez, o editorial do último número da revista Siempre afirma que nenhum governo mexicano desenvolveu uma verdadeira estratégia de Estado que por sua dimensão envolvesse todos os setores no confronto ao crime organizado.

Refere-se às entidades governamentais, mas também os grupos financeiros, a iniciativa privada, partidos, Congresso, Igrejas, sociedade e meios de comunicação.

Claro que não menciona os componentes militares, o Exército e a Armada, que por estes dias se movem em veículos blindados e helicópteros fortemente armados em Jalisco, qual evidência de uma guerra (de baixa intensidade?), que está longe de terminar.


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