Desde a vitória de Hugo Chávez na Venezuela, em nenhum país progressista, houve derrota eleitoral. A afirmação é do jornalista e sociólogo espanhol Ignacio Ramonet, autor de livros sobre geopolítica e crítica da comunicação mundial. Em recente entrevista a uma emissora de televisão da Venezuela, o escritor destaca as conquistas de programas políticos de transformação social, muitos deles com forte referência da gestão venezuelana. Segundo ele, isso ocorre não apenas na América Latina, sendo, portanto, um contexto mundial.
Ramonet destaca que tal conquista pode ser vista em países como Equador, Bolívia, Brasil, Uruguai e Argentina, todos na América do Sul, mas que essa política deverá se estender por outras regiões do globo. Ele se refere à Venezuela como um exemplo seguido pelas demais nações, ainda que com suas especificidades políticas. "O processo venezuelano é exemplar. No resto da América Latina e em muitos países no mundo, o que se deseja é o que se está realizando aqui", afirmou à imprensa venezuelana.
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"Eu comentava com o presidente [Nicolás] Maduro: as vitórias sucessivas que estão ocorrendo aqui, a partir do ponto de vista social, as vitórias eleitorais tão importantes como as que têm havido nos últimos 20 meses e também as vitórias internacionais, como o fato de que a Venezuela seja, hoje, membro do Conselho de Segurança [das Nações Unidas]", mencionou o sociólogo, que é diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique e articulista da Adital. De acordo com Ramonet, isso se reflete em índices de desemprego extremamente reduzidos, níveis baixos de pobreza extrema e salários mínimos entre os mais elevados da América Latina.
"A Venezuela continua sendo o farol do progresso na América Latina e um país que muitas sociedades e muitos povos continuam vendo como um modelo. Claro, com características diferentes, evidentemente, com seus contextos locais. E a personalidade do [ex-] presidente Chávez e, hoje, a personalidade do presidente Maduro, são referências internacionais muito importantes", avaliou o estudioso, que é doutor em Semiologia com atuação em universidades de diversos países.
Para Ramonet, a ideologia difundida por Hugo Chávez na Venezuela e no mundo dialoga com a doutrina social que vem sendo retomada pelo Papa Francisco, voltada aos pobres. Ele afirma que ambos os líderes, o político e o religioso, redefinem a atuação mundial através da preferência revolucionária pelos menos afortunados.
"Cristo, o primeiro revolucionário das bem-aventuranças do Sermão da Montanha [longo discurso de Jesus Cristo que pode ser lido no Evangelho de Mateus, do capítulo 4, versículo 23, ao capítulo 7, no qual profere lições de conduta e moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a vida cristã], está na base do que é o socialismo e a generosidade do humanismo da revolução socialista, tal como é desenvolvida na Venezuela. Esta revolução bolivariana, esta revolução bonita", destacou o escritor.