1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)

ColombiaFARC CubaColômbia - Prensa Latina - Os diálogos de paz para a Colômbia adquiriram uma nova dinâmica na semana anterior com a incorporação das vítimas e a criação de dois grupos de trabalho para aprofundar a análise da origem do conflito e as vias para sua solução.


Iniciadas em novembro de 2012 nesta capital, essas discussões contaram no ciclo que finalizou na sexta-feira, 22 de agosto, com a participação direta na mesa de diálogos de atingidos pelo conflito armado nesse país, e a criação da Comissão histórica do conflito e suas vítimas, assunto crucial para o alcance de acordos.

Durante mais de cinco décadas, diferentes governos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) têm tentado em diversas ocasiões de chegar a um acordo para pôr fim ao conflito que, segundo dados do Centro de Memória Histórica da Colômbia, tem deixado 6,5 milhões de vítimas, entre elas 220 mil mortos e quase seis milhões de refugiados.

Nesse cenário bélico têm participado também outras guerrilhas, e grupos armados sócios do narcotráfico, o paramilitarismo e o crime organizado em geral.

Outra importante iniciativa da Mesa foi a instalação de uma subcomissão que adiantará as análises sobre o tema do fim da guerra e examinará os subpontos do cessar-fogo bilateral e definitivo e a renúncia das armas.

Integram-na membros do Exército e da Polícia Nacional, e civis do Escritório do Alto Comissariado de Paz e o Ministério da Defesa, bem como representantes das FARC-EP.

Esta será realizada de forma paralela, mas subordinada aos plenipotenciários de ambas as partes, para apoiar à Mesa com a preparação de insumos e procedimentos sobre a base do estudo de experiências nacionais e internacionais.

É de um valor inquestionável que pela primeira vez representantes ativos das forças armadas das partes se sentem em igualdade de condições para iniciar as discussões e intercâmbios sobre assuntos do processo, afirmou as FARC-EP em um comunicado.

A delegação do governo de Juan Manuel Santos também qualificou como necessária a presença de militares e policiais ativos nos diálogos, ao considerar que o "processo de paz se encontra em momentos decisivos, com possibilidades sérias de êxito".

A Comissão histórica do conflito e suas vítimas, por sua vez, a integram 12 especialistas e dos relatores, todos de reconhecido prestígio no estudo do tema colombiano a partir de suas áreas de conhecimento.

Esse grupo aprofundará sobre a origem e as causas do conflito, bem como fatores e condições para sua longa existência e os impactos mais notórios sobre a população, e sintetizará os assuntos mais importantes, de maneira autônoma e plural.

Os estudiosos, selecionados de maneira consensual pelas duas delegações de paz, preveem entregar seu relatório à Mesa em quatro meses.

As vítimas como protagonistas da paz

Chegamos com temores, mas o respeito e afeto recebidos nos deram confiança, afirmou Nelly González, uma das 12 integrantes do primeiro grupo de atingidos que viajou a Havana e expôs suas vivências e propostas na Mesa.

Para González, a iniciativa dos plenipotenciários de ambas as delegações de paz em receber as vítimas é o caminho mais correto, pois elas são "a coluna vertebral" desse processo.

Por sua vez, Ángela María Giraldo, considerada vítima das FARC-EP, pediu aos colombianos defender este esforço e entendê-lo como a única maneira de desenvolver o país e implementar políticas sociais que permitam superar a pobreza e a exclusão.

Para Constanza Turbay, o momento mais importante de sua vida ocorreu quando o comandante guerrilheiro Iván Márquez lhe pediu perdão. "Não foi um perdão mecânico, mas de coração", afirmou, e assegurou que isto lhe devolveu a confiança na possibilidade de encontrar caminhos para a reconciliação.

Alfonso Mora, cujo filho foi assassinado pela polícia, se pronunciou contrário à implementação de medidas como o fórum militar, que remete a tribunais militares membros das forças de segurança implicados em crimes de lesa humanidade.

Vários pediram um cessar-fogo bilateral, que ofereça garantias de continuidade às negociações, e o reconhecimento dos direitos dos atingidos pela violência política da qual têm sido vítimas organizações e pessoas progressistas em seu país.

Todos concordaram em não guardar sentimentos de vingança nem ódios, mas o desejo de encontrar caminhos para a reconciliação, contribuir para a construção, com justiça, da paz e garantir a não repetição de fatos como os que têm sofrido.

O encontro - inédito na história destes processos - foi qualificado como crucial pelas delegações de paz lideradas por Humberto de la Calle (governo) e Iván Márquez (FARC-EP).

Para eles, essas recomendações serão fundamentais, juntamente com os milhares de depoimentos e propostas recolhidos nos fóruns desenvolvidos na Colômbia, para pôr fim ao conflito, construir uma paz estável, duradoura e conseguir a reconciliação.

Representantes da ONU nesse país, a Universidade Nacional e a Conferência Episcopal, destacaram a coragem, sinceridade e sentido propositivo dessas presenças, bem como o respeito e a humildade com que as partes em diálogo ouviram os depoimentos das vítimas e suas sugestões.

Essas três instituições foram as encarregadas de eleger, entre um universo de milhares de pessoas, a delegação de 60 representantes que viajará em vários grupos a Havana para expor seus pontos de vista na Mesa.

Com estas novas ferramentas, os plenipotenciários de paz retomarão em setembro próximo as discussões sobre o sensível tema das vítimas e seus direitos e agilizarão as análises das vias para pôr fim ao conflito.

Em 21 meses de diálogos, já se conseguiu acordos parciais nos pontos da reforma agrária (maio de 2013), participação política das FARC (novembro de 2013) e drogas ilícitas (maio de 2014).


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.