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entrevista nafta mexicoMéxico - ADITAL - [Yásser Gómez Carbajal, Mariátegui] Entrevista com Alicia Girón, diretora de Problemas do Desenvolvimento da Revista Latino-Americana de Economia e pesquisadora do Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), que fez um balanço após 20 anos da assinatura do NAFTA (por seu nome em inglês: North American Free Trade Agreement) ou TLCAN (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) por parte de México.


Revista Mariátegui – Qual é o balanço após 20 anos do México ter assinado o NAFTA?

Alicia Girón – Definitivamente, de que um acordo como o NAFTA, para um país subdesenvolvido como o México e com um dos países hegemônicos em nível internacional (EUA) mais outro país desenvolvido, que é o Canadá, as expectativas que esse tratado de livre comércio tinha era que o México passaria a fazer parte do primeiro mundo, ou seja, passaria de maneira muito rápida a ser um país desenvolvido.

Vinte anos depois, o que nós podemos ver é que há ganhadores e perdedores, mas me focaria principalmente nos perdedores. E quando falamos de perdedores, a quem me refiro? É que, ao ter adicionado tanto a política monetária como a política fiscal aos interesses do Banco Central dos Estados Unidos, que é a Reserva Federal, o que ocorreu é que o Banco Central (Banco do México) se obrigasse a ter uma política monetária de contração

E, por outro lado, evitar que o peso frente ao dólar tivesse movimentos drásticos, se bem que a estabilidade seja importante também para o paciente, nesse caso, está estável e isso faz com que a economia mexicana não cresça a ritmos que tiveram os países da América Latina, sobretudo os países sul-americanos durante a primeira década deste século.

Por outro lado, os ganhadores têm sido a indústria automotiva, que exporta grande parte de sua produção para os EUA, mas que, no fim das contas, são companhias subsidiárias de grandes empresas transnacionais e também de algumas empresas japonesas.

Então, há 20 anos do NAFTA, podemos dizer que há ganhadores e perdedores, mas que – isso quero enfatizar – o México não pôde garantir melhores opções de emprego. E isso está ligado principalmente aos mais de 10 milhões de mexicanos que temos nos EUA e que se foram buscando oportunidades, justamente quando os EUA estavam no ciclo ascendente, há alguns anos.

Revista Mariátegui – Que outros setores têm sido afetados no México, em termos econômicos, sociais, políticos?

Alicia Girón – Definitivamente, é o campo, o setor agrícola, é uma aprendizagem que deveriam levar em conta todos os tratados de livre comércio que têm sido firmados com os EUA, como a Colômbia, Chile, Peru.

No nosso caso, ao abrir e quitar as barreiras alfandegárias para o milho, o milho transgênico das grandes empresas norte-americanas chegou ao México e deslocou a produção em nível local. Isso se nós observamos aqueles campos que foram deixados ou simplesmente fechados para produzir milho, pois agora são focos do narcotráfico.

Revista Mariátegui – Quanto tem influído o desenvolvimento do NAFTA para que os mexicanos continuem migrando para os EUA?

Alicia Girón – Definitivamente, alcançar as oportunidades de emprego no México, sobretudo no setor rural, mas poderíamos dizer que é em nível de todos os setores, resulta que agora não há família no México que não tenha um filho, um parente, um tio, um pai ou uma mãe vivendo nos EUA.

E no México isso é dramático que cerca do segundo lugar no ranking de divisas que recebemos são dessas remessas.

Revista Mariátegui – No tema financeiro quanto está dependendo a economia mexicana dos EUA?

Alicia Girón – Poderíamos dizer que as divisas vêm do petróleo e das remessas, então são parte das remessas que recebemos em 'cash' como dizem, para ao mesmo tempo poder comprar insumos importados.

Revista Mariátegui – Sobre o tema dos bancos mexicanos que passaram para as mãos dos norte-americanos...

Alicia Girón – Quando o NAFTA entrou em vigor, em 1º de janeiro de 1994, o que sucedeu é que, em menos de um amo da entrada em vigência, o que nós temos é uma crise muito forte do sistema bancário mexicano.

E isso o que ocasiona é que os bancos não puderam se capitalizar de imediato e tiveram que ser vendidos a preços muito baixos, principalmente os bancos espanhóis, cuja entrada permitiu a expansão do BBVA, do corporativo Santander no México, mas também em outros países, como Peru, Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador.

O que temos visto depois de analisar há 20 anos dessa crise bancária que tivemos é que nós estamos salvando os bancos espanhóis, porque o México pelo menos proporciona quase 30% dos lucros desses bancos para a casa matriz, que está na Espanha.

Yásser Gómez Carbajal é jornalista e editor da Mariátegui, a revista das ideias.


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