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falsos positivosColômbia - Brasil de Fato - [Leonardo Wexell Severo] Centenas de horas de gravação investigadas pela revista Semana, da Colômbia, comprovaram a existência de uma ampla rede de corrupção no Exército do país, composta por vários generais e inúmeros coronéis e tenentes-coronéis envolvidos com o assassinato em massa de oposicionistas.


Pondo em xeque o destino dos 27 bilhões de pesos (aproximadamente 13,35 bilhões de dólares), cerca de 3,7% do PIB do país, as gravações jaziam adormecidas na Comissão de Acusações do Congresso.

Ao virem à tona, destamparam uma quantidade monumental de subornos feitos entre 2012 e 2013 pela alta cúpula militar mais estreitamente vinculada ao governo dos Estados Unidos. Oficialmente, os EUA contam hoje no país com 1.400 homens em sete bases: Palanquero, Malambo, Apiay, Cartagena, Málaga, Larandia e Tolemaida.

Segundo as gravações, mandos militares usavam informações privilegiadas para conhecer de antemão os vencedores das "licitações" de várias unidades do Exército e garantir a liberação de milionários contratos, "indicados a dedo", nos quais as propinas chegavam a 50%. Entre os altos oficiais beneficiados pelas negociatas estão condenados e indiciados pelo assassinato dos chamados "falsos positivos" – jovens entre 16 e 33 anos, executados pelas tropas que os vestiam de guerrilheiros para receberem promoções, dinheiro e férias estendidas, conforme a política de execução sumária de "esquerdistas" defendida pelo "Plano Colômbia".

Até 2012, foram registrados quase 3 mil assassinatos de inocentes.

Falsos positivos

Uma das figuras-chave, por meio da qual se começou a desvendar a rede mafiosa, o coronel Róbinson González Del Río é acusado pela morte de dois camponeses apresentados como "guerrilheiros", em setembro de 2007 – ano em que um em cada cinco mortos em combate era "falso positivo".

González é acusado de prevaricação por ter comprado com milhões de dólares a decisão do juiz Henry Villarraga, então magistrado do Conselho Superior da Judicatura, para que seu julgamento

saísse de um tribunal ordinário para um militar. Nos áudios obtidos pela revista, González se encarrega de acertar os contratos com generais e coronéis e organiza os pagamentos aos subalternos presos por "falsos positivos" a fi m de manter seu silêncio. Numa das conversações, um interlocutor do coronel acerta um contrato de 7 milhões de dólares com a Divisão de Assalto Aéreo do Exército.

As gravações também comprometem o atual comandante das Forças Armadas, o general Leonardo Barrero – que chegou ao cargo em agosto do ano passado, após os sangrentos "sucessos" obtidos na luta antiguerrilheira como chefe do Comando Conjunto do Sudoeste.

Numa das conversas, a partir da prisão, González telefona para o comandante e conta como vai o seu processo penal e o general lhe sugere que se organizem como "uma máfia para denunciar promotores e todos esses babacas". Mais claro impossível.

Ficou comprovado que, apesar de se encontrar detido, o coronel González contava com dois soldados à sua disposição e de sua família 24 horas por dia, chegando mesmo a sair da prisão em carro oficial para passar três semanas de férias em dezembro de 2012.

A rede de corrupção vai além das grandes negociatas e alcança os contratos do Exército com as guarnições militares. Com o aval dos comandantes de dez unidades, a máfia assaltava grande parte do orçamento para a gasolina dos veículos militares, desviava e repartia nas contas pessoais de vários oficiais presos. Dinheiro de passagens aéreas destinadas ao uso de militares em vários batalhões, recursos para alojamento e até veículos oficiais, também foram utilizados para o pagamento dos advogados dos detidos por "falsos positivos".

Repercussão

Em breve comunicado, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, qualificou as gravações como "muito graves". "Estou indignado com o dano que isso causa às Forças Armadas e ao país", declarou, solicitando ao Procurador-Geral e à Controladoria que acelerem a investigação, preferindo que seja conduzida pela justiça penal militar. Santos também pediu ao seu ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, "decisões contundentes e exemplares".

Para a candidata do Polo Democrático, Clara López, "'sem que o governo tenha respondido política, disciplinar e judicialmente" à acumulação de escândalos nas Forças Armadas, o ministro Pinzón deveria ao menos renunciar.

Há poucos dias, a cúpula da Inteligência militar também foi afastada após ter sido fl agrada, também pela revista Semana,grampeando conversas telefônicas das negociações de paz do governo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

O diretor do Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (Cerac), Jorge Restrepo, questionou "por que os condenados e acusados no caso dos 'falsos positivos' e de reiteradas violações aos direitos humanos são os que dirigem organizações criminosas de corrupção no Exército?".


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