Segundo ele, a estatal PDVSA (Petróleos de Venezuela) "paga" pelo consumo de combustível local e os subsídios atuais representam uma "perda direta" de 12,5 bilhões de dólares anuais.
"Neste país não se paga pela gasolina", disse em coletiva de imprensa Ramírez, que também preside a PDVSA, afirmando que o custo de produção do combustível de 95 octanos é 28 vezes maior que o preço de venda no mercado interno, enquanto o do diesel é 50 vezes maior. "Se vamos às estatísticas, a Venezuela é o país com a gasolina mais barata em todo o mundo", afirmou, garantindo que os preços atuais "não têm sentido nenhum".
Entre as contradições expostas para justificar a necessidade de um debate nacional, o ministro afirmou que, com o custo de uma garrafa de água mineral a sete bolívares (2,6 reais), é possível comprar 72 litros de gasolina, enquanto o valor de um refrigerante de 12 bolívares (4,4 reais) equivale a 250 litros de diesel.
O consumo do mercado interno venezuelano está chegando a 700 mil barris diários de combustível por não haver uma "consciência de reduzir o consumo", segundo o ministro, que explicou que, apesar de somente 33% da frota de automóveis no país estarem desenhados para o consumo de gasolina 95 octanos, 70% dos venezuelanos optam por este índice de maior custo.
"Isso tem que ser produto de discussão nacional e acho que nosso país alcançou um nível de consciência (...) temos um nível de fortaleza e credibilidade com nosso povo que podemos estabelecer essa discussão", expressou, complementando que o debate é sobre a utilização dos recursos naturais do país e que o ingresso petrolífero venezuelano é "elemento base de sua fortaleza econômica".
Fazendo alusão a aumentos receitados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), como o de 1989, quando um pacote de medidas foi aplicada pelo então presidente Carlos Andrés Pérez, detonando protestos e forte repressão, afirmou que as tentativas anteriores de ajuste do preço do combustível faziam parte "de um pacote neoliberal".
"Este é um governo do povo, revolucionário, não estamos aqui impondo nenhum tipo de pacote de medidas, ao contrário, todas as ações do presidente Maduro e do governo são orientadas a proteger os interesses do povo (...), que demonstrou sua consciência em diferentes e complicadas situações", disse Ramírez.
Entre os anúncios feitos pelo ministro também está a manutenção dos leilões de moeda estrangeira por meio do Sicad (Sistema Complementar de Administração de Divisas), que deve designar cerca de cinco bilhões de dólares em 2014.
Ramírez também abordou a eventual criação de um novo mecanismo de designação de venda de dólares ao preço oficial. Segundo ele, o Cadivi (Comissão de Administração de Divisas) foi "perfurado" por "setores que atuaram à margem da lei" e um novo registro de importadores e exportadores permitirá "uma limpeza exaustiva" de empresários que obtiveram divisas oficialmente e atuaram de maneira "fraudulenta" no processo de importação.
"Um dos objetivos fundamentais para 2014 é derrotar e fazer o dólar paralelo desaparecer", expressou, afirmando que a moeda vendida no mercado ilegal "é um dos elementos que mais dano está fazendo à economia venezuelana".