Ontem, milhares de indígenas que se mobilizavam pacificamente em um encontro social e popular, que acontece desde a segunda-feira, reiteraram em coletiva de imprensa que se manterão em protesto prolongado até conseguirem uma verdadeira defesa da vida, do território, da autonomia e da soberania.
Representantes de 102 povos nativos, os quais comandam as mobilizações em 17 departamentos, denunciaram os atropelos e uso desmedido da força pública em várias regiões como Chocó, La Guajira, Huila e Valle del Cauca, onde há registro de 25 pessoas gravemente feridas e duas detidas.
A Organização Nacional Indígena também denunciou as ameaças contra a liderança do povo kankuamo, Orfelina Carrillo.
As comunidades ancestrais pedem melhor e maior participação política e, sobretudo, protestam contra as grandes perdas econômicas causadas pelos Tratados de Livre Comércio e pela política mineira e energética.
Outra das manifestações sentidas com força é a realizada pelos estudantes universitários, que há dois dias saíram às ruas em greve nacional para demandar soluções ao déficit da educação no país.
Em vários pontos de Bogotá e outras cidades capitais, os estudantes pedem ao Governo que reconheça a dívida de 11,3 trilhões de pesos (cerca de seis milhões de dólares) que tem com as universidades públicas e uma urgente mesa de acordo.
Em meio a este panorama, os camponeses de Boyacá, Cundinamarca e Nariño, em diálogo com o Governo há mais de um mês, decidiram ontem romper a mesa de negociações depois de assinalarem que já esperaram 41 dias e o Executivo não cumpriu nada.
O presidente Juan Manuel Santos apontou, em um pronunciamento, que estaria cumprindo o acordado com os agricultores e que supostamente "não há nenhuma razão para começar outra vez a falar sobre descumprimentos e muito menos sobre greves".
No entanto, o porta-voz de Dignidade Agropecuária, César Pachón, assegurou que não estão sendo cumpridos os acordos atingidos e por isso realizarão uma reunião com representantes dos setores de café, arroz, cebola, entre outros, para definir se regressam ou não às estradas como fizeram na grande greve de 19 de agosto, que paralisou o país.
Por sua vez, os porta-vozes da Mesa Nacional Agropecuária e Popular concluíram ontem a sexta rodada de conversa com a equipe governamental, mas sem avanços concretos sobre o primeiro ponto, o tema dos cultivos ilícitos, e asseguram que a contraparte mantém uma posição de dilação.