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chavez eleicoes rumo a vitoria cartazVenezuela - Opera Mundi - [Marina Terra] Enquanto Chávez aposta na continuidade de seu processo revolucionário, Capriles acena para a iniciativa privada.


Faltam somente sete dias para as eleições presidenciais na Venezuela. No próximo domingo (07/10), os mais de 18 milhões de eleitores aptos a votar não irão escolher somente entre os dois principais nomes dessa disputa – o do atual presidente, Hugo Chávez, e do ex-governador de Miranda Henrique Capriles –, mas entre duas propostas de governo opostas e com repercussões distintas no futuro da Venezuela.

Há 14 anos no poder, Chávez aposta na continuidade de seu processo revolucionário, com o fortalecimento de um novo projeto econômico-social. A estratégia chavista, desde 2006 batizada de “Socialismo do Século XXI”, tem como centro um Estado forte, provedor de direitos e regulador da economia, com expressiva participação direta na propriedade dos meios de produção.

Nessa esteira caminham as missões sociais, principal conquista do governo chavista. Defendidas até pela oposição, que prometeu continuá-las caso Capriles seja eleito, esses programas foram criados em um contexto de profunda crise social e que, num primeiro momento, atacaram problemas vitais, como o analfabetismo.

Com Chávez, os índices sociais melhoraram sensivelmente. Dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) indicam que a Venezuela tem o menor índice de desigualdade do continente, com um coeficiente Gini de 0,394 – quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade.

Em 1998, antes de o presidente venezuelano assumir, a média de desemprego era de 22%. Hoje, está abaixo de 10%. A informalidade é alta, mas caiu de 51% para 44%. Houve uma redução da pobreza, que ainda é grande, mas caiu de 48% para 29%. A pobreza extrema despencou de 20% para 7%.

Acusado de “favorecer” somente as camadas mais empobrecidas da população, Chávez tenta também atrair parte da classe média, centro da disputa eleitoral, com créditos hipotecários, ampliação de incentivos a microempresários e inclusão deste setor da sociedade em seus discursos.

O IVAD (Instituto Venezuelano de Análises de Dados) aponta que Chávez deve liderar a votação entre todas as classes sociais – nas classes A-B a disputa é mais acirrada. Enquanto Chávez tem 47% das intenções de voto, Capriles registra 41,7%. Neste estrato social também está a menor margem de indecisos: 11,3%. Na classe C, Chávez reúne 48,9% enquanto Capriles, 33,9%. Mas na classe D, mais numerosa em termos populacionais, a folga para o atual mandatário salta para 23,5 pontos de vantagem: Chávez tem 53,1% e Capriles 29,6% das intenções de voto. No total de todas as camadas sociais, o presidente tem 49,6%, ante 35% de seu opositor. 

Apesar de representar a parcela da população venezuelana mais beneficiada pelos programas sociais do governo, as classes C e D mantêm o mesmo número de indecisos: cerca de 17%. De acordo com o IVAD, isso se explica pelo fato de o candidato opositor garantir que os programas sociais do governo Chávez não serão interrompidos.

“Há um caminho”

Promovido sob o slogan “Há um caminho”, Capriles, que tem somente 40 anos, habita há bastante tempo o cenário político venezuelano. Aos 25 anos, ele assumiu o cargo de presidente da extinta Câmara de Deputados durante o governo de Rafael Caldera, anterior a Chávez.

Nascido em uma família de origem judaica polonesa, o opositor representa uma das mais tradicionais e ricas da elite venezuelana, dona da principal cadeia de cinemas do país, de meios de comunicação, indústrias e imobiliárias.

Em 2004, Capriles esteve preso durante quatro meses, acusado de promover atos de violência contra a embaixada de Cuba em Caracas, durante o fracassado golpe de Estado contra Chávez, em 2002. Então prefeito de Baruta, município do leste de Caracas, Capriles iria derrotar cinco anos depois o chavista Diosdado Cabello na disputa do governo de Miranda.

Desde sua eleição nas prévias da MUD (Mesa de Unidade Democrática), que agrupa os principais partidos da oposição, Capriles apostou em uma campanha “casa por casa”, percorrendo localidades inclusive a pé, com a intenção de demonstrar força e vitalidade frente ao presidente de 58 anos, que ainda se recuperava de um câncer na pélvis.

A campanha caprilista foi abalada recentemente com a divulgação de um suposto “pacotão neoliberal”, em que a MUD apontava como diretrizes a desregulamentação bancária, a suspensão de investimentos em programas sociais, a transferência de programas alimentares para a iniciativa privada e o aumento de tarifas públicas – incluindo o fim dos subsídios à gasolina.

Já nas áreas de educação, saúde, segurança pública, esportes, turismo e habitação, o documento sugere uma total "transferência" para a iniciativa privada, por considerá-la "mais eficiente" para gerir essas pastas. Capriles e seu comando de campanha negaram a autenticidade do documento, divulgado amplamente por dois membros da MUD, David de Lima, ex-governador de Anzoátegui e William Ojeda, do Partido Um Novo Tempo.

Em artigo publicado nesta sexta-feira (28/09) pelo jornal espanhol El País, Capriles defende a iniciativa privada na Venezuela e condena as nacionalizações promovidas pelo governo de Hugo Chávez. “A União Europeia e seus 27 Estados-membro seguem sendo para a Venezuela uma oportunidade para o intercâmbio comercial, um destino possível para nossas exportações e uma excelente fonte de investimentos, em especial nas áreas onde países como a Espanha têm experiência e êxitos comprovados”.

Conforme se aproxima o 07/10, as diferenças entre os programas de governo de Chávez e Capriles se tornam mais evidentes. Resta saber qual dos dois projetos o eleitor venezuelano irá escolher. 


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