Mas ocorre que os necessitados representam 20 milhões de pessoas e outros oito milhões vivem na indigência, sustentam os dados oficiais. São, então, 28 milhões os pobres em menor ou maior grau, com os mais altos per capitas em Bogotá e Manizales, a nível nacional.
Isto é, só 20 milhões de cidadãos vivem na decência ou na opulência no país andino; de modo que mais da metade dos colombianos são admitidos como cidadãos de segunda categoria em termos de poder aquisitivo.
Análises internacionais sustentam que o empobrecimento extremo se reduziu como se expressa no site da internet Pobreza Mundial, alimentado com dados do Banco Mundial. Todo uma miragem.
A Revista Semana, uma das publicações mais respeitadas da Colômbia, refere-se que por trás dessa positiva melhoria está o fato de que durante quatro anos o crescimento do Produto Interno Bruto foi de uma média de 05%, o que incidiu em aliviar as condições de vida da população menos favorecida.
Admite-se nessa linha que enquanto a indigência diminui, aumenta a pobreza do país no geral.
Essa vasta desigualdade explica então o paradoxo de que a Colômbia é um dos países com o maior aumento do PIB, enquanto em matéria de pobreza e diferenças sociais e econômicas tem um dos piores desempenhos na América Latina e no Caribe.
Um amigo economista comentava, com grande tom de ironia, que o tema é que a população colombiana tende a crescer cada ano e que a grande maioria dos novos cidadãos que se incorporam à sociedade parece que são concebidos e classificados como pobres antes de nascer, como que para prejudicar as estatísticas.
Sarcasmo a parte, em dezembro passado o Congresso da República aprovou, e já foi referendada pelo executivo, a lei anual para aumentar o salário mínimo, que supera em muito pouco os 300 dólares, incluído o aumento adotado agora, de uns 12 dólares.
Estudos oficiais realizados em 300 dos mil 98 municípios colombianos indicam que a nível nacional uma casa de quatro pessoas está em condição de pobreza quando tem renda inferior ao equivalente a 415 dólares, com os que deve cobrir suas necessidades fundamentais e enfrentar primeiramente o alto preço dos alimentos.
Este típico déficit de renda para adquirir a cesta básica vê-se como a principal incidência para que exista mais população vulnerável, pois falamos de um dos Estados mais caros da região quanto a nível de vida.
E para terminar, dados divulgados recentemente, a propósito do aumento do salário mínimo, acusam que este é recebido em todo o país por 54,84% dos empregados, sem incluir os altíssimos índices visíveis no setor não estatal sobre trabalho informal, sobre o qual é impossível fixar um montante real de rendimentos.
Programas e preocupação do Estado não faltam para reverter a situação, mas até agora é praticamente imperceptível a prosperidade para a maioria dos despossuídos, pois se trata de uma situação de saque acumulada em muitas décadas, impossível de alterar no curto prazo.