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mexicoMéxico - Diário Liberdade - Milhares de trabalhadores, inclusive crianças, vivem na extrema pobreza e em péssimas condições de trabalho nas zonas agrícolas do estado de Sinaloa, região oeste do México.


Foto: Don Bartletti/LATimes

A agricultura é um dos principais motores da economia de Sinaloa e também um grande negócio para os ricos capitalistas da região. O diário The Los Angeles Times, que passou 18 meses investigando os abusos cometidos contra os trabalhadores da região, revelou que agroindustriais, distribuidores, varejistas e até mesmo grandes redes de supermercados dos EUA são beneficiados pela desumana exploração da força de trabalho no estado.

Produtoras e exportadoras de pimentas, tomates e pepinos são fornecedores de grandes empresas estadunidenses, como o Walmart e Subway. Alguns dos piores acampamentos são ligados a empresas que foram eleitas "exportadores do ano" pelo presidente mexicano Enrique Peña Nieto, como a produtora de tomates Rene Produce, onde os operários buscam comida no lixo porque não podem comprar alimentos.

O LA Times revelou, entre outras coisas, que muitos trabalhadores rurais são feitos prisioneiros em lugares infestados de ratos, muitas vezes sem camas e sem banheiro ou água potável.

À fornecedora Agrícola San Emilio chegam mil trabalhadores de ônibus a cada inverno. Outras companhias onde foram constatadas graves irregularidades são a exportadora Rita Rosario, a Agrícola Santa Teresa, El Porvenir, Nueva Yamal e Bioparques.

Esta última, uma das maiores exportadoras de tomate do México, foi alvo de uma rara operação do governo, que encontrou 275 pessoas presas na fazenda, estando dezenas de trabalhadores desnutridos, incluindo 24 crianças.

De acordo com o governo mexicano, cerca de 100 mil crianças menores de 14 anos trabalham nessas condições no país.

Em todos esses lugares os casos aparentam ser os mesmos, ou muito semelhantes. Com frequentes violações dos direitos humanos e laborais, os trabalhadores rurais compartilham uma história em comum.

Eles são em sua maioria indígenas de regiões mais pobres do México. São transportados por centenas de quilômetros de ônibus para vastos complexos agrícolas, onde trabalham seis dias por semana e recebem de 8 a 12 dólares por dia, mas geralmente levam semanas ou até meses sem receberem salário.

Em regiões indígenas do centro e do sul do país a propaganda enganosa é feita através das rádios, que seduzem os trabalhadores a buscarem o "emprego" oferecido nos acampamentos rurais.

Há pelos menos 200 acampamentos deste tipo em todo o México, sendo 150 apenas em Sinaloa.

Um homem contratado para seduzir os trabalhadores com ofertas maravilhosas disse que as grandes empresas dos EUA estão por trás desse negócio ilegal. "Os gringos são os que colocam o dinheiro e fazem as regras."

A própria reportagem do The Times reconhece que muitas vezes a fiscalização por parte das corporações estadunidenses é "fraca ou inexistente".

"As empresas americanas não fizeram da supervisão uma prioridade, porque elas não têm sido pressionadas a fazê-lo", descreve a matéria.

Os encarregados de supervisionar os camponeses retém ilegalmente seus salários para impedí-los de saírem durante períodos de pico de colheita. É comum os trabalhadores voltarem para casa sem nenhum tostão ao final de uma colheita.

"Aqueles que procuram escapar de suas dívidas e condições miseráveis de vida têm de lidar com guardas, cercas de arame farpado e às vezes ameaças de violência de supervisores do acampamento", descreve a reportagem.

O cumprimento das leis trabalhistas em Sinaloa é frágil. Os inspetores do governo são impotentes diante dos ricos produtores, que dificultam as negociações com o seu poderio econômico.

"Eles zombam das autoridades e zombam da lei", disse um alto funcionário da Secretaria Federal do Trabalho e Previdência Social.

Na última década, as exportações agrícolas do México para os EUA triplicaram, para US$ 7,6 bilhões, faturados às custas de condições subumanas de trabalho, análogas à escravidão.

Convivendo com insetos e animais selvagens, pegando doenças sem poder se tratar em um médico, subnutridos e desidratados, esses trabalhadores vivem à margem de um Estado que prefere ser cúmplice de massacres ao invés de garantir os direitos aos seus cidadãos.

O desprezo pelo ser humano e a sede de lucros a qualquer custo é o que movimenta o boom da exportação agrícola do México.

"O contraste entre o tratamento de produtos e de pessoas é gritante", comenta a reportagem da Times.


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