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combilBolívia - Causa Operária - Causa Operária entrevista Edwin Rodriguez, mineiro de Huanuni, sobre o trabalho em um sistema de mineração estatizado, nacionalizado, em comparação com o sistema cooperativista.


Causa Operária: Por que os métodos de trabalho de Huanuni são superiores ao sistema cooperativo??

Edwin Rodriguez: Primeiro, o trabalho de uma empresa estatal, no caso da Empresa Mineira de Huanuni, apresenta um grande contraste com o trabalho em uma empresa cooperativa. A Empresa está trabalhando em um sistema de desenvolvimento com um pensamento orientado ao futuro. São feitos cortes, há chaminés de ventilação. Temos máquinas especializadas para fazer a perfuração. Temos segurança industrial, o que qualquer empresa precisa para trabalhar. Nas cooperativas o trabalho é rudimentar, manual, um sistema de esgotamento de recursos, que neste caso é a produção de estanho em Huanuni. As cooperativas só vão depredando o estanho e deixando os resíduos e estragado os lugares onde trabalham. Nós, pelo contrário, nos focamos no desenvolvimento. Construímos descansos onde os veículos de alta tonelagem podem entrar para facilitar a extração. As cooperativas fazer furos indiscriminadamente e não deixam nenhum futuro para o trabalho. Então, o que nós fazemos é muito diferente do que a cooperativa faz.

A cooperativa não deixa qualquer contributo para o estado, especialmente em dinheiro.

Causa Operária: Neste momento, o número de colaboradores é muito maior do que o número de trabalhadores empregados pela Comibol [empresa de mineração do Estado]. Qual é a proporção?

Edwin Rodriguez: A quantidade de cooperativista ascende a algo em torno de 80.000. Os trabalhadores mineiros estatais são cerca de 15.000.

Causa Operária: E quais são as contribuições de cada setor para o estado?

Edwin Rodriguez: No caso das cooperativas, as contribuições são mínimas. Elas desfrutam de muitos benefícios do governo e no caso da Empresa não é assim. Pagamos, mês após mês, o imposto sobre os lucros, os royalties. Tudo isso vai para o Estado. Enquanto as cooperativas não aportam, os lucros vão para as multinacionais. O que se vê é o governo perdoando impostos. Durante vários anos as cooperativas não têm pagado impostos e o governo as têm perdoada de maneira recorrente. O governo favorece o setor de cooperativas e não as empresas estatais. Mas deveria ser o contrário disso.

Causa Operária: Como a Empresa Mineira de Huanuni comercializa os produtos?

Edwin Rodriguez: A Empresa Mineira de Huanuni vende a produção para a empresa estratégica de mineração Vinto e uma pequena parte a OMSA (fundição privado]. Desta forma, ajudamos os trabalhadores para que também possam trabalhar.

Causa Operária: Vinto faz parte da Comibol?

Edwin Rodriguez: Vinto é gerida pelo Ministério de Minas, mas não faz parte da Comibol.

Causa Operária: Por que Vinto acumula uma grande dívida com Huanuni?

Edwin Rodriguez: Damos a nossa produção a Vinto e eles nos devem os chamados DIMs, que são impostos que acumularam uma dívida conosco de US$ 67 milhões. Além disso, nos devem pelos concentrados que lhe entregamos. Há milhões de dólares que a Vinto não paga à Empresa Mineira de Huanuni.

Causa Operária: O governo desvia os recursos, que, em princípio, seriam US$ 75 milhões, para outros investimentos?

Edwin Rodriguez: Nós, como uma empresa estatal, fazemos uma grande contribuição para o estado porque, mês após mês, pagamos impostos, royalties e o Estado usa una parte desse dinheiro, não só mineira, mas também de hidrocarbonetos, para sustentar os bônus sociais, Juancito Pinto, Juan Azurduy e Dignidade, este último destinado a idosos.

Causa Operária: Como as cooperativas vendem a produção?

Edwin Rodriguez: Entendemos que as cooperativas fazem a entrega a micro empresas ou diretamente às multinacionais sem fazer contribuições para o Estado. Não fazem o que nós estamos fazendo.

Causa Operária: Como as cooperativas vêm crescendo e avançando na Bolívia?

Edwin Rodriguez: Isso vem de antes [de 1985, com a implementação do neoliberalismo]. Os mineiros perderam seus empregos e foram para outros locais de trabalho, procurando onde trabalhar. Então os governos começaram a criar mais cooperativas para absorver mais pessoas demitidas e, por esse motivo, o número de cooperativas vem crescendo dia a dia.

Causa Operária: Existem benefícios especiais do governo para as cooperativas, por exemplo, subsídios para equipamentos?

Edwin Rodriguez: Sim. Através de várias comunicados que nós temos, podemos verificar várias facilidades que são dadas pelo governo às cooperativas sem consultar as empresas estatais, pois seriam justamente elas as que deveriam ter benefícios para a exploração destas jazidas. As cooperativas têm sido beneficiadas de várias maneiras. Elas receberam vários perdões fiscais. O governo lhes dá máquinas e também compressores para oxigenar os locais onde eles estão trabalhando.

Causa Operária: As cooperativas recebem as máquinas ou facilidades para comprá-las?

Edwin Rodriguez: Recebem de graça. Sabemos de casos, por exemplo, em Potosí, onde elas receberam equipamentos, incluindo compressores.

Causa Operária: A política do governo não visa, então, fortalecer o setor público que deixa os royalties e uma série de investimentos no País, incluindo programas sociais e assistenciais. O governo está incentivando o desvio desses recursos, por meio das cooperativas, às multinacionais. Por que o governo do MAS, de Evo Morales, segue essa política?

Edwin Rodriguez: Essa questão é sensível porque o governo está buscando uma reeleição mais e, por esse motivo, tenta ampliar e fortalecer a base de apoio. E como os cooperativistas são muitos o governo procura fortalecer a aliança com o setor, porque mesmo sempre foi seu aliado. O que nos incomoda é que este apoio deveria ser dado às empresas estatais. É isso que seria o necessário. Ainda mais no nosso caso, quando o governo diz que nos doou US$ 25 milhões para fazer o trabalho que temos aqui. Mas isso não é assim. Há milhões e milhões de dólares que nos deve sobre o que nós damos ao Estado.

O que o governo está fazendo é buscar a reeleição, ampliar a base de apoio.


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