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imagesColômbia - ANNCOL - Senhoras e senhores congressistas:


O período legislativo que se inicia neste 20 de julho entranha para os congressistas a mais alta responsabilidade histórica ao sessionar num momento decisivo para a paz da Colômbia. Esta não é somente o mandato da vontade nacional; ela, a paz, ademais de ser um clamor de humanidade, constitui um direito síntese, sem o qual não será possível a concretização de nenhum outro direito.
 
A reconciliação está tocando hoje as portas da Colômbia e exige mudanças estruturais que vão apagando, progressivamente, o mais longo conflito armado de Nuestra América.
 
Senhoras e senhores congressistas, é hora de materializar o preceito constitucional que consagra a paz como um direito e um dever de obrigatório cumprimento. É hora de passar da retórica e das palavras mortas a uma etapa de transição, na qual o Congresso da República legisle a favor do conjunto da sociedade colombiana e não de minorias privilegiadas.
 
A paz de Colômbia reclama um basta nos velhos costumes e mecânicas de atuação do estamento parlamentar, para propiciar uma reflexão necessária. Senadores e representantes deveriam pensar no terrível impacto que seus projetos legislativos neoliberais estão causando nos pobres, que são a maioria deste país; na desfiguração da democracia que implicam as normas restritivas contidas em suas leis de segurança cidadã; na urgência de conter a exclusão abrindo as comportas da participação democrática de toda a sociedade; no estímulo que daria a paz a desmilitarização da vida social; na necessidade de subtrair do mercado e do lucro os bens comuns e os direitos; em idealizar políticas eficazes para erradicar o clientelismo e a corrupção; e a adoção de medidas práticas para a reapropriação social da saúde, da educação, da seguridade social, da moradia, da cultura e da garantia de formas de renda que dignifiquem o trabalho.
 
A economia produz mais mortos do que a guerra. As vítimas da política econômica, das quais não se fala, também exigem verdade, justiça, reparação e um nunca mais.
 
A paz está falando hoje de vítimas e há que levar em conta que a vitimização tem causas sistêmicas, razões que se ativaram para preservar o status quo e o regime de privilégios de umas minorias excludentes. É inquestionável que a partir das cúpulas do poder se atua para destruir qualquer alternativa política surgida de baixo. Isso explica que partidos de esquerda, expressões políticas populares, sindicatos, líderes sociais e campesinos, povos indígenas e comunidades afrodescendentes se encontrem entre as vítimas coletivas desse desígnio pérfido. Tudo para garantir a sobrevivência do reino da desigualdade, da prazerosa pompa dos terra-tenentes e latifundiários, da financeirização, da indústria extrativista anti soberana, da antidemocracia e da submissão das elites à geopolítica neocolonial.
 
Senhoras e senhores legisladores: sem dúvida, os problemas e os temas a discutir em função da paz encerram uma complexidade extraordinária, são um desafio que todos desejamos enfrentar para ter definitivamente paz e justiça social, pátria e democracia verdadeira.
 
O cenário da reconciliação deve construir-se com calma e com inteligência, sem pressas contra o tempo, porque uma paz malfeita é pior que a guerra.
 
Permitam-nos dizer-lhes que a paz não depende de uma pessoa nem de um partido, nem de um governo, mas sim da sociedade em seu conjunto. Requer ser adotada como uma política de Estado, para que futuramente ninguém se atreva a reverter o eventual acordo de reconciliação, pretendendo que o destino da Colômbia seja o da guerra perpétua.
 
O que acordemos numa Mesa de Conversações deve ser assimilado a um grande Tratado de Paz, blindado por uma decisão do povo soberano que transcenda até as gerações vindouras.
 
Transmitimos também este sentimento às Altas Cortes e ao Executivo, para que a paz como política de Estado cerque de certezas ao esforço coletivo de sua construção.
 
Saudação cordial,

TIMOLEÓN JIMÉNEZ                                      NICOLÁS RODRÍGUEZ 
 Comandante das FARC-EP                     Comandante do ELN


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