Quatro países latino-americanos anunciaram que não irão participar da Cúpula das Américas em 2015, no Panamá, caso Cuba não seja incluída no encontro. A posição de Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Argentina na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que contraria a defendida pelos Estados Unidos, teve apoio de Brasil e México. Somente o Canadá concordou com a opinião dos norte-americanos.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, respaldou a reivindicação. "Ao celebrar os 20 anos (da Cúpula das Américas), tem que ser uma reunião histórica e creio que mais inclusiva do que nunca, e por isso Cuba tem que estar presente."
Na contramão dos pronunciamentos pró-Cuba, a embaixadora norte-americana na OEA, Carmen Lomellin, pediu que um grupo de trabalho analise o tema, mas reafirmou a posição de que é necessário "esperar uma transição democrática" na ilha antes que ela possa integrar um fórum internacional.
A Cúpula das Américas é a máxima reunião de chefes de Estado e de governo da América. O último encontro, realizado em 2012 em Cartagena, Colômbia, terminou sem consenso sobre a participação da ilha. O organismo é o único no continente com a presença dos Estados Unidos, uma vez que o país não participa da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), assim como o Canadá.
Resolução final
A Assembleia Geral da OEA, cujo tema foi inclusão social, terminou ontem (5) com a adoção de uma declaração genérica com o compromisso dos países do continente com a luta contra a fome e a pobreza, o combate à desigualdade, a discriminação e a exclusão social. O teor do documento é parecido com o que foi aprovado em reuniões anteriores, sem avanço de fato nos temas.
O documento apresentado pelo Brasil exortando os países do continente a condenar todas as formas de discriminação por razões de preferência sexual, cor da pele ou gênero, foi aprovado com reservas, feitas por países como Paraguai e Estados Unidos. No começo da semana, o Senado paraguaio aprovou uma declaração contra a proposta por considerar que ela incentiva o aborto e o casamento homossexual.
Temas polêmicos
A Assembleia Geral também abordou temas de destaque para a região, como o apoio ao diálogo entre o governo e a oposição na Venezuela e aos diálogos de paz na Colômbia e o incentivo à retomada das negociações entre a Argentina e a Grã-Bretanha pelas Malvinas.
Em outro revés para os Estados Unidos, Insulza lamentou o estancamento do diálogo entre o governo e a oposição na Venezuela e pediu que a comunidade internacional apoie o processo sem pressão ou sanções, em referência às medidas contra o país aprovadas pela Câmara de Representantes dos EUA e cujo projeto segue agora para o Senado. Washington, por sua vez, reiterou que não apoia, por ora, as sanções.