Nascido em 1893, Sandino lutou contra a intervenção estadunidense na Nicarágua. Em 1926, após voltar de Honduras, Guatemala e México, onde trabalhou em engenhos açucareiros e poços petrolíferos, empreendeu a batalha contra as forças ocupantes, que se encontravam em território nicaraguense desde 1916 defendendo os interesses das transnacionais dos Estados Unidos.
Além disso, a Nicarágua estava afetada pelo convênio Bryan-Chamorro, que concedia aos Estados Unidos os direitos de construção de um canal interoceânico e uma base naval no golfo de Fonseca; e o tratado Bryan-Chamorro, assinado em 4 de maio de 1927, entre o enviado plenipotenciário de Washington Henry Stimpson e o general José Maria Moncada.
Também conhecido como Pacto del Espino Negro, por meio deste acordo o governo e a infantaria da marinha dos Estados Unidos da América impuseram a rendição e o desarmamento do Exército Constitucionalista e a supervisão das eleições por parte dos marines estadounidenses.
Esse pacto marcou o início da intensa luta de Sandino, que se opõe ao acordo e decide continuar a luta até expulsar os marines, tendo que enfrentar-se com traidores e invasores, em uma longa luta de libertação nacional.
Simón Bolívar na luta de Sandino
O ideário da luta de Sandino foi construído tendo em base os pensamentos de Simón Bolívar. Isso é refletido no manifesto escrito em 20 de março de 1929, que o líder guerrilheiro nicaraguense intitulou "Plano de realização do supremo sonho de Bolívar", enviado aos 21 mandatários latino-americanos da época.
Esse plano de constituiu como um dos antecedentes mais importantes da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e da União das Nações Sul-Americanas (Unasur).
Sandino apontava a necessidade da criação da Nacionalidade Latino-Americana ao estar "profundamente convencido de que o capitalismo estadunidense chegou à última etapa de seu desenvolvimento, transformando-se, como consequência, em imperialismo, e que já não atende a teorias de direito e justiça, passando sem respeito algum sobre os inabaláveis princípios de independência dos Estados da América Latina", descreve uma parte do texto.
O projeto, que incita à criação de uma Aliança Latino-Americana, declara "abolida a doutrina Monroe e, por consequência, anula o vigor que tal doutrina pretende possuir para interferir na política interna e externa dos Estados Latino-Americanos".
Declara também "reconhecido o direito de aliança que têm os vinte e um Estados da América Latina Continental e Insular, e, assim, estabelecida uma só nacionalidade denominada nacionalidade latino-americana, fazendo-se desse modo efetiva a cidadania latino-americana".
Também invita criar uma Corte de Justiça e um Exército Latino-Americano, para a defesa da soberania da América Latina.
À sede da corte lhe concede a denominação de Simón Bolívar, a quem qualifica de "egrégio realizador da independência Latino-Americana" e "máximo forjador de povos livres".
Também estabelece a criação de um órgão financeiro comum, com o objetivo de fazer cargo da "construção de obras, materiais e vias de comunicação e transporte". Chama os Estados Latino-Americanos a fomentar "de maneira especial o turismo latino-americano de modo a promover a aproximação e mútuo conhecimento entre os cidadãos das nações do continente".
Sandino contou com o comunista salvadorenho José Farabundo Martí como colaborador importante para consolidar a mensagem política e ideológica de seu movimento.
Em 1934, após um convite convertido em uma emboscada assassina, o líder nicaraguense caiu baleado nas mãos do então chefe da Guarda Nacional, Anastasio Somoza.
Sandino é o referencial ideológico da atual governante Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e da revolução promovida por esse movimento que acabou com a ditadura somocista em 1979.