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200214 maduro venVenezuela - Resistir - Héctor Vicente entrevista o politólogo James Petras sobre a situação na Venezuela e outros assuntos.


Héctor Vicente: Começamos com a situação na Venezuela. Aqui em Montevideo reuniu-se hoje a Mesa Directiva do Parlasul (Parlamento do Mercosul) e nela o presidente uruguaio, José Mujica, disse que"há um caldo de cultura muito aborrecido na Venezuela" e a declaração aprovada lamenta "a escalada de violência que se desencadeou no país" e exorta ao diálogo para terminar com a violência. Que reflexão lhe merecem estas declarações?

James Petras: Bem, o diálogo é sempre uma boa ideia uma vez que os interlocutores da oposição abandonem a violência e os esforços para provocar um golpe de Estado. Há uma oposição que funciona dentro da Constituição, respeita a lei e o processo político e pode-se pensar no diálogo com eles, para ver como tranquilizar o país e resolver alguns problemas. 

Mas quando tratas com terroristas que actuam com coqueteis molotov, que queimam edifícios e homens das patrulhas, é o momento de aplicar a lei. É o momento de encarcerar os violentos, os terroristas. 

Nesse sentido, Mujica tem que levar em conta com quem vai dialogar, porque se no Uruguai um sector da direita começa a queimar os campos de cultivos, se entram no Palácio do governo atirando coqueteis molotov, estou certo de que vai chamar o exército ou a polícia, para encarcerar os terroristas. 

Então poderíamos dizer que Mujica tem – como sempre – a metade da verdade e da racionalidade quando pede ao governo que abra um diálogo com a oposição. Mas há que distinguir entre oposição constitucional e oposição terrorista. 

HV: Nas últimas horas o governo venezuelano denunciou com provas concretas a ingerência dos Estados Unidos no seu país e expulsou três funcionários diplomáticos da Embaixada dos EUA em Caracas. 

JP: Trata-se de um acto com uma base fundamentada, porque os acusados funcionaram nas universidades como assessores e financiadores do sector mais violento dos manifestantes. Eles não funcionam como diplomatas, estão a funcionar como assessores do terrorismo. 

O facto de que Washingto, de forma aberta e descarada, esteja a intervir em marchas e protestos é uma razão clara para expulsá-los. Por isso creio que Washington queria provocar a expulsão, eles estão procurando voltar a romper as relações com a Venezuela porque estão na onda do golpe e, nesse caso, querem um campo aberto de colaboração com os terroristas. 

No mesmo momento que as expulsões estavam a caminho, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, saiu em defesa de Leopoldo López que é o cabecilha do grupo opositor mais violento, auto-denominado "Vontade popular". Este grupo estava a incitar a tomada do controle das ruas e incitava à violência. Declararam abertamente que vão derrubar o governo e eliminar os processos eleitorais. 

A próxima etapa é amanhã (18) terça-feira, quando este senhor Leopoldo López está a convocar uma marcha para entregar-se às autoridades. Mas este é outro pretexto. Porque ele quer ter apoio nas ruas no momento em que se entregue. 

O senhor Leopoldo López é um duplo entreguista: primeiro entregou-se a Washington e agora quer por frente aos violentos sua entrega ao governo venezuelano para provocar mais violência. Esta forma de entregar-se, culminando uma marcha, parece-me uma enorme provocação, porque ele quer apresentar-se como mártir com apoio popular. 

É uma manobra muito perigosa deste senhor, que é um agente violento dos piores sectores dos representantes dos Estados Unidos. Leopoldo López é um terrorista sem nenhum antecedente democrático, é um personagem que procura a provocação e amanhã actos de violência, no momento em que Washington aumenta a tensão. Washington está a lançar uma campanha neste momento considerando Leopoldo López como um líder da oposição. É um pretexto que devemos desmascarar. Amanhã terça-feira é um dia decisivo para os violentos e os norte-americanos. 

HV: Campanha que se desenvolve nas ruas e também nos meios de comunicação, porque o governo da Venezuela denunciou também a tergiversação, a manipulação mediática, inclusive utilizando fotos forjadas. 

JP: Sim, o governo deve intervir nos media. Nenhum governo pode tolerar meios de comunicação a fomentarem aberta e descaradamente o terrorismo. Nenhum governo, europeu, norte-americano, de parte alguma, poderia tolerar media vinculados a poderes subversivos – internos e externos – e que estão na primeira linha para incitar um golpe de Estado. 

Devem intervir nos media em seguida e devem encarcerar López antes da marcha e não depois quando já mobilizou toda a canalhada em Caracas. 

Creio que o governo de Maduro deve actuar com mais energia. É impossível pensar que terroristas deste quilate poderiam funcionar em qualquer país democrático. Não conheço nenhum governante que possa permitir coqueteis molotov e considerá-los oposição pacífica democrática. É a grande mentira de Washington, a grande mentira da BBC, do New York Times, chamá-la oposição pacífica democrática. 

Creio que é demasiada light a resposta de Nicolás Maduro, demasiado tolerante. Devemos recordar que há dois exemplos no tratamento de oposições violentas. O caso de Allende no Chile, que tolerou a oposição violenta até que deram o golpe de Estado; e a outra é a resposta de Fidel Castro em Cuba frente aos ataques violentos, que terminou quebrando as costas do terrorismo e consolidou a revolução. 

Acredito no mesmo, ou se rompe da cabeça desta oposição para permitir a democracia ou corre o risco de que se passa na Venezuela o que se passou no Chile e outros países democráticos, que toleraram demasiado. E as consequências de um golpe na Venezuela são terroríficas, porque os fascistas vão lançar um expurgo maciço e sangrento. Prefiro 300 terroristas encarcerados a 30 mil militantes e pobres mortos. 

HV: Amanhã (18) é um dia chave pelo que possa acontecer nessa marcha. 

JP: Sim, creio que podemos esperar ver um teatro de violência, a entrega de López é simplesmente o detonador para a confrontação. Eles querem ver sangue nas ruas para uma escalada violenta. Creio que estamos à beira de uma grande confrontação.


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