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190912 marquez santrichColômbia - O Diário - [Pável Blanco Cabrera] As FARC-EP, um partido comunista em armas, não foram nem serão vencidas militarmente; e também não abandonarão as armas sem alcançar os objetivos que os conduziram à via guerrilheira.


É um equívoco pensar que os diálogos de Oslo são os da desmobilização. Serão, isso sim, um novo cenário da confrontação, dos de baixo contra os de cima, das classes oprimidas contra os exploradores, de Bolívar contra Santander, das maiorias oprimidas em duro antagonismo com a minoria que é a classe dominante.

Concluído o encontro exploratório, o Governo de Colômbia e as FARC-EP anunciaram o início de uma Mesa de Conversações para procurar uma saída política para o conflito social e armado em que o povo colombiano se encontra envolvido desde há cinco décadas. Participarão também, como garantes, os governos de Cuba e Noruega, e os da Venezuela bolivariana e do Chile como acompanhantes.

Não é a primeira vez que esta tentativa é feita, e a insurgência sempre manifestou disposição para dialogar com o adversário, o qual em todas as ocasiões rompeu os compromissos. Uma das tentativas anteriores de saída política foi a Unión Patriótica, da qual candidatos presidenciais, parlamentares, eleitos municipais e milhares de militantes foram assassinados em crimes ordenados pelo Estado, executados por ele ou por grupos paramilitares. Foi uma campanha de extermínio político.

Os diálogos em San Vicente del Caguán mostraram aos colombianos e ao mundo que a guerrilha estava bem apetrechada de propostas para dar solução aos problemas sociais. Em cada mesa temática as FARC-EP demonstraram não apenas um conhecimento profundo de cada assunto nacional, mas também que dispunham de um exército de quadros preparados para a sua resolução, com estatura de estadistas. Recordamos, por exemplo, a proposta de substituição de culturas para combater o tráfico de drogas, considerando-o um problema social ao qual tem que se dar resposta desde a sua raiz. O governo de Pastrana empenhou-se em inventar pretextos que inviabilizaram essa oportunidade e reiniciou as operações militares.

O imperialismo apostou na derrota militar das FARC-EP através do Plano Colômbia, no qual se empenharam as administrações de Clinton e Bush.

Durante os dois mandatos de Álvaro Uribe viveu-se como nunca antes o terror contra a população. A mistura de Estado, paramilitarismo e narcotráfico resultou em anos dramáticos cujas terríveis feridas se prolongam até hoje: só com o caso dos falsos positivos contam-se já milhares de assassinados, milhares de pessoas que o exército assassinava, vestia com o uniforme das FARC, e apresentava à imprensa como baixas da insurgência; cinco milhões de deslocados no processo de expropriação de terras por via institucional a favor da oligarquia; empobrecimento da população, desvalorização do trabalho, privatizações e entrega da soberania nacional para favorecer os monopólios colombianos e de outras nacionalidades. Mais de 7000 presos políticos estão actualmente detidos nos cárceres do Estado.

As dimensões da guerra, com bases militares norte-americanas e o Comando Sul do exército dos EUA em plena acção, dão fundamento a que alguns especialistas e intelectuais afirmem que se vive um novo Vietnam.

O que acontece na Colômbia tem importância continental e mundial e não existe motivo que justifique ignorar esse tema. E, por maioria de razão, no que diz respeito às forças revolucionárias. Deixando de lado a algazarra dos porta-vozes dos monopólios, que derramaram tanta tinta caluniosa no sentido de criminalizar a insurgência e o direito de rebelião, o certo é que existem profundos debates sobre o conflito social e armado que envolve esse povo irmão. O Comandante Fidel Castro escreveu um livro sobre o tema e dedicou-lhe Reflexiones muito polémicas. Outros optaram por um silêncio injustificável. Muitos intelectuais tomaram abertamente partido pela guerrilha. Surgiram também da esquerda vozes falando da inviabilidade da luta armada e quase exigindo a rendição das FARC-EP e do ELN.

Mas os marquetalianos têm demonstrado com factos a viabilidade da rebelião, da luta armada, e da estratégia e táctica elaborada por Manuel Marulanda e Jacobo Arenas, seguindo Lénine: a combinação de todas as formas de luta. A força dos princípios, a justeza dos objectivos de luta, das reivindicações, do programa, permitido aos camaradas das FARC resistir. As operações de guerra contra Raúl Reyes, Jorge Briceño e Alfonso Cano, são a prova, por um lado, do aparato militar para aniquilar essa luta e, por outro lado, da grande vontade do povo para continuar a luta até vencer.

As FARC-EP, um partido comunista em armas, não foram nem serão vencidas militarmente; e também não abandonarão as armas sem alcançar os objetivos que os conduziram à via guerrilheira. O objetivo das FARC-EP é a conquista do poder e a construção de uma Colômbia nova.

É um equívoco pensar que os diálogos de Oslo são os da desmobilização. Serão, isso sim, um novo cenário da confrontação, dos de baixo contra os de cima, das classes oprimidas contra os exploradores, de Bolívar contra Santander, das maiorias oprimidas em duro antagonismo com a minoria que é a classe dominante. E haverá que esperar um debate de grosso calibre e rajadas de argumentos que a delegação das FARC-EP apresentará, como já fizeram prever as opiniões do comandante Jesús Santrich sobre o tema da terra.

A coluna fariana dirigida pelo comandante Iván Marquez transporta com grande firmeza, para esse encontro com os seus adversários de classe, a bandeira da paz com justiça. Veremos um exército do povo com elevado apetrechamento cultural, com domínio da história, compromisso com o povo trabalhador, solidariedade e internacionalismo. As FARC-EP chegam a esta nova batalha com grande dignidade e sendo portadores da esperança do seu povo. E com as FARC-EP vão as lutas do continente pela emancipação e o socialismo. Nessa delegação deve integrar-se sem demora o comandante Simón Trinidad, actualmente numa prisão dos EUA.

Um factor que joga contra a burguesia é que em Colômbia existem grandes movimentos socio-classistas, anti-imperialistas e anticapitalistas, de trabalhadores, estudantes, camponeses, indígenas, mulheres, jovens, afrodescendentes, ambientalistas, alguns dos quais integrantes da Marcha Patriótica. Nos seus discursos o Comandante em Chefe das FARC-EP, Timoleón Jiménez, exprimiu a sua convicção de que o povo é o construtor da história e sublinhou a importância do envolvimento popular nesta oportunidade para uma solução política.

As FARC-EP devem ser acompanhadas nesta batalha pelos povos e suas organizações revolucionárias e de classe. O Partido Comunista de México, arrostando a criminalização que sobre ela impende, nunca desistiu da solidariedade com a insurgência colombiana e estará agora atento ao desenvolvimento da situação.

Pensamos que é este o dever de todos aqueles que compartilhem a ideia de construir um mundo novo, que necessariamente será socialista-comunista.

* Primeiro Secretário do Partido Comunista de México


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