No comunicado emitido na última quarta-feira (22/08), pela embaixada estadunidense em Luanda, os Estados Unidos declarou que a Comissão Nacional Eleitoral angolana (CNE) deve imediatamente credenciar os observadores eleitorais.
O comunicado sublinha que:
“A Embaixada dos Estados Unidos da América emite esta declaração em resposta à relatos incorretos de alguns órgãos de comunicação social de que o pedido de credenciamento do Embaixador McMullen para observar as eleições foi rejeitado pela CNE.
A Embaixada solicitou que o Embaixador McMullen fosse credenciado como observador e continua a espera do seu credenciamento pela CNE. Temos conhecimento que outros observadores internacionais e Angolanos aguardam igualmente por este processo. Um grupo de Embaixadores solicitou ao Presidente da CNE, Silva Neto, uma reunião para tratar deste assunto.
Respeitamos o compromisso manifestado pela CNE em realizar eleições livres, justas e transparentes. O povo de Angola não merece menos do que isto. Por isso, exortamos a CNE que cumpra cabalmente as suas responsabilidades para com o povo Angolano, credenciando imediatamente os observadores eleitorais, especialmente os das organizações da sociedade civil Angolana, para que eles possam acompanhar o processo eleitoral.
Temos fé que o Senhor Embaixador McMullen e os que esperam pelo seu credenciamento recebam-no o quanto antes.”
No editorial do dia 24 de agosto - sexta-feira, sob o título "Coligações Negativas", o Jornal de Angola escreveu que a campanha eleitoral para as eleições gerais de 31 deste mês "entrou numa fase decisiva e inopinadamente entraram em cena atores que pertencem a outros espectáculos, com menos luzes da ribalta e, sobretudo sem o ridículo próprio das comédias sem graça".
Depois de classificar o comunicado distribuído pela embaixada como "impróprio de uma representação diplomática, no qual são feitas afirmações desprimorosas para a dignidade da CNE", o jornal estatal acrescentou que a embaixada dos EUA "arroga-se o direito de dar ordens a uma instituição angolana independente". O jornal pediu ainda que seja respeitada a Constituição, as instituições democráticas e o povo que representa.
No entanto, o editorial diz que o mais grave do que dá ordens à CNE é a justificativa invocada pelo diplomata (foto) para divulgar o comunicado. A Rádio Despertar, da UNITA – principal força da oposição, e que vem tentando articular um movimento contra supostas irregularidades do processo eleitoral-, deu a notícia, dias antes, de que a CNE teria rejeitado o pedido de credenciação do embaixador McMullen para observar as eleições.
“Foi uma notícia encomendada para justificar o comunicado da Embaixada”, completa o editorial, que ainda faz críticas ao sindicato nacional de jornalista de Angola, que recentemente lançou um relatório onde criticou a cobertura das eleições pela mídia, citando o jornal de Angola.