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Foto - UNACMoçambique - UNAC - Centenas de pessoas de movimentos sociais e organizações de base, incluindo pequenos agricultores, trabalhadores agrícolas, mulheres rurais e activistas sociais dos países da SADC, viajam em caravana com rumo a Lilongwe, no Malawi, para participar na cimeira alternativa dos povos da SADC, a ter lugar esta semana, de 16 a 17 Agosto de 2013.


Movimentos sociais como a La Via Campesina, a Assembleia de Mulheres Rurais e a Diálogo dos Povos convergirão no mesmo espaço para desenvolverem alternativas e propostas para outro regionalismo baseado nas perspectivas dos povos.

A região Austral de África enfrenta vários desafios e uma crise que se agrava, em consequência das políticas económicas neoliberais. A elite e as transnacionais arrebatam e controlam cada vez mais os meios de produção essenciais da população (a terra, a água, as sementes, etc.). Os recursos naturais estão a ser progressivamente privatizados, devido a toda uma série de acordos de investimento entre os nossos governos e as corporações, os governos ocidentais e as "recém-chegadas" economias emergentes do Sul, como o conjunto BRIC.

Quase todos os países da SADC se têm visto a braços com o açambarcamento de terras e o modelo do agronegócio que lhes destrói a agricultura camponesa-familiar, o único modelo comprovadamente sustentável e ecológico, capaz de produzir mais alimentos para os países da SADC.

Nos últimos anos, não temos visto muitos progressos na região da SADC. Aliás, a região da SADC sofre um défice de produção alimentar. Os níveis elevados de pobreza e desemprego registados resultam de modelos de desenvolvimento descabidos e orientados para a exportação, baseados na extracção maciça, voltados para o modelo "escava" e "exporta". A prática crescente do dumping expulsou os pequenos agricultores dos mercados, destruindo-lhes os meios de subsistência. Os mega projectos, sobretudo os projectos hidroeléctricos e as plantações para agrocombustíveis, forçaram várias comunidades a deslocalizarem-se e a dispersarem-se, visando facilitar esses modelos descabidos de desenvolvimento.

Em comunicado para a imprensa, a Assembleia das Mulheres Rurais, Via Campesina e Diálogo dos Povos indicam a necessidade de lutar pelos meios de subsistência dos povos que, por sua vez, beneficiarão o mercado interno, organicamente ligado à agricultura e às industrias manufactureiras. Desse modo, criar-se-á emprego não só para as populações urbanas, mas também para as comunidades rurais, fomentando um desenvolvimento equitativo nos países da SADC. Actualmente, apesar de serem os locais de produção das matérias-primas, as comunidades rurais continuam a ser negligenciadas [em prol do desenvolvimento de cidades segundo o modelo das metrópoles ocidentais]. Consequentemente, o alargamento do fosso entre a vida rural e a vida urbana, com a contínua urbanização da região, permite as práticas capitalistas da sobre-exploração da mão-de-obra (salários reduzidos para as desesperadas populações urbanas empobrecidas) e da opressão das massas, na sede insaciável do Capitalismo de tomar o controlosobre os "meios de vida". Os povos da SADC devem ter liberdade para determinar o seu próprio destino, em todas as esferas da vida (social, política e económica).

Os movimentos sociais da região concluíram que os Chefes de Estado não estão, de modo algum, a implementar medidas para beneficiar as populações. Por exemplo, a Declaração de Maputo, em que os governos africanos se comprometeram a canalizar 10% dos seus orçamentos anuais para apoiar o desenvolvimento da actividade dos pequenos agricultores, está longe de ser uma realidade em quase todos, ou mesmo todos, os países da SADC. Pelo contrário, observamos que os países da SADC estão sob a influência do modelo agrícola comercial sul-africano, baseado em culturas de rendimento para a exportação que prejudicam o desenvolvimento do mercado local, tanto na África do Sul como em toda a região. Para benefício das massas da região da SADC, estas reuniões devem reger-se pela democracia popular e não ser orientadas por representantes eleitos.

Segundo Renaldo Chingore João, membro da União Nacional de Camponeses de Moçambique (UNAC), e um dos líderesdo Movimento Internacional de Camponeses, La Via Campesina, "é importante mobilizar e desenvolver alternativas paralelamente aos Chefes de Estado da região da SADC, porque se comprova que somos nós quem apresenta melhores soluções para a crise múltipla que vivemos na região. A Soberania Alimentar, por exemplo, é um paradigma que os Governos devem decididamente implementar na região", salienta.

A Soberania Alimentar é vital para a subsistência do mundo, a criação de emprego para todos e a proteção do ambiente.

Em Lilongwe, os movimentos sociais irão também receber formação em vários temas importantes, tais como a agenda da Soberania Alimentar, o debate em torno do Programa Compreensivo para o Desenvolvimento Agrícola em África (CAADP), a crítica da Revolução Verde e da AGRA, e a forma como a prática da extracção maciça destrói florestas, leva à sobre-exploração de minerais, contamina as águas e fomenta o açambarcamento de terras. É uma forma de contribuir para uma maior sensibilização e um público consciente mais alargado que será a força motriz da nossa luta pela soberania popular, a subsistência das populações e a democracia popular.

Mercia Andrews, da Assembleia das Mulheres Rurais, insta os Chefes de Estado e os governos dos países da SADC a " construir uma SADC informada e a par das necessidades reais das populações e que não se reja pelos interesses das transnacionais que exigem concessões em troca de investimento. Precisamos de um modelo de desenvolvimento que dê primazia aos interessas do povo. Não podemos insistir num modelo que destrói a natureza e esgota os recursos naturais. Nós também temos soluções".

 


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